O Humano possui uma estranha paixão pelo Disfarce.
Se a Vida é um DRAMA,
Ela o é pela meticulosidade daquilo que criamos... Um Disfarce Dramático.
Solipisista por natureza, o Disfarce Dramático dá voltas em torno do próprio umbigo.
Mas o que é o umbigo, a não ser o ponto de partida daquilo que somos?!? A ruptura da confortável posição do não-existir!!!
Então vivemos...
Vivemos por termos saudades do tempo em que não éramos.
Se o Disfarce Dramático revela o Equívoco do Humano, o revela através de uma Repetição de queixumes... Repetição de carência e solidão... Saudade de um tempo em que a queixa não se fazia sentido.
A Queixa, a porta-voz do Disfarce Dramático, estanca a possibilidade de disfarçar-se diferente, trancafiando o Ser em um movimento circular em que o Passado é posto num Re-memorar e não num Com-memorar.
Eis a possível lógica do Discurso Dramático: o Rememorar solitário, sem a possibilidade de eco no Outro... O Gozo de um queixume no vazio... Sem diálogo interno... Apenas monólogo.
A Ruptura do Campo do Drama, muitas vezes encontrado nos sintomas neuróticos, não é trabalho fácil. Particularmente acredito no fazer gastar-se o discurso, desbastá-lo lentamente. Como um artesão a trabalhar a madeira primitiva, com carinho e paciência, a Escuta vai por si só abrindo espaço para a interpretação do monólogo queixoso do Drama... Onde o diálogo talvez possa vir a ser e a ter existência, e o Disfarce tome o rumo de uma Fantasia de Carnaval.